Pai responsabiliza escola por morte de aluna em excursão a fazenda
12/07/2016, às 08h07
‘Houve negligência de forma cabal’, disse João Carlos Siqueira. Escola diz que vai ‘empenhar todos esforços’ para apoiar as investigações
O pai da aluna que morreu durante uma excursão escolar em 2015, no interior de São Paulo, responsabiliza a escola Waldorf Rudolf Steiner, em que ela estudava, pelo que aconteceu com a filha. Em entrevista nesta segunda-feira (11), João Carlos Siqueira Natalini disse acreditar que “há o suficiente para um indiciamento com base em dolo eventual” da instituição, agora que novos laudos apontam que a adolescente foi asfixiada. A reviravolta no caso foi noticiada pelo Fantástico.
Victoria Mafra Natalini, de 17 anos foi encontrada sem vida na Fazenda Pereiras. em Itatiba, em setembro do ano passado. Ela tinha ido ao local para participar de uma atividade de sete dias de estudos práticos sobre matemática e topografia organizado pela escola Waldorf Steiner.
“Houve negligência de forma cabal, não há como negar que não foram tomados todos os cuidados que deveria haver, como deveria ter acontecido em uma sala de aula. Não havia nenhum tipo de vigia aos alunos, então eu imputo à escola a responsabilidade pelo que aconteceu”, afirmou Natalini.
Em nota, a escola disse que, nas viagens, “disponibiliza profissionais capacitados para atender às necessidades dos alunos”. Afirmou também que na excursão a Itatiba, a equipe era “formada por cinco adultos, além dos profissionais fornecidos pela própria fazenda” e que vai “empenhar todos esforços para apoiar os órgãos competentes na conclusão das investigações”.
De acordo com a delegada Ana Paula Rodrigues, que investiga o caso pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a corporação apura se a Waldorf Steiner foi negligente. “Teria que ter um responsável sempre ao lado. Houve, sim, falhas de protocolo de segurança”, disse. A polícia ainda não tem suspeitos.
Asfixia mecânica
Neste domingo, o Fantástico divulgou, com exclusividade, informações de um parecer pedido pelo DHPP, que assumiu o caso em março deste ano. Com os exames refeitos, a conclusão foi que Victoria Mafra Natalini, de 17 anos, morreu por “asfixia mecânica, na modalidade de sufocação direta”.
Para Natalini, “houve, sim, assassinato”. “Eu nunca acreditei [no primeiro laudo], pela dualidade mesmo. Eu conhecia muito bem minha filha. Ela era uma criança saudável, estava muito bem, estava saudável”, disse. “Nós estamos contando, agora, com o final das investigações do inquérito. Imaginamos que estejam na cola do assassino, da pessoa que cometeu esse crime”, concluiu.
À época da morte, o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) de Jundiaí (SP) apontou morte por causa indeterminada para o caso. Os exames indicaram que Victória não tinha usado drogas nem tomado bebida alcoólica. Ela também não apresentava sinais de violência sexual.
No ano passado, os proprietários da fazenda lamentaram a morte de Victoria e disseram que até então não havia tido casos de mortes no local.
Família pede justiça no Facebook
A família de Victoria criou uma página no Facebook para pedir justiça no caso. Ela foi feita pela advogada Cristiane de Freitas, noiva de Joao Carlos Siqueira Natalini, pai de Victoria. A madrasta, bem como os familiares, acreditam que a garota foi assassinada e não teve uma morte natural, como sugeria o antigo laudo feito pelo Instituto Médico-Legal (IML) de Jundiaí.
“Criamos essa página para que todos saibam a verdade dos fatos ocorridos com Victoria”, disse Cristiane nesta segunda-feira (11). “Ela foi assassinada. Ocorreu um crime e isso precisa ser investigado para que os culpados por sua morte sejam punidos.”Uma das postagens da página “Victoria Natalini Justica”
Desaparecimento em excursão
Victoria desapareceu no quarto dia da excursão à Fazenda Pereiras. No quinto, seu corpo foi encontrado. Ela fazia trabalho de campo com colegas da escola. Por volta das 14h, disse que precisaria ir ao banheiro e saiu caminhando sozinha por uma estrada até a sede da fazenda e desapareceu. A distância entre os dois locais era de 500 metros.
Só no dia seguinte ela foi encontrada por um helicóptero da Polícia Militar (PM) no sentido contrário à sede. Estava a 1,2 km de distância do local em que pretendia ir, vestida e de bruços. “Tinha escoriações no corpo, no braço”, contou Cristiane.
Ao todo, 34 alunos iriam fazer mapeamento detalhado da região. Foi proibido levar celular. Três técnicos de topografia e dois professores foram juntos com os estudantes.
, que revelou o novo laudo oficial sobre a causa da morte da estudante. Segundo Cristiane, o documento, junto de um segundo laudo, encomendado pela família, mostram que sua enteada foi assassinada.
“O parecer mostra que houve assassinato”, disse a madrasta. “Ela foi morta em um local fechado e ficou por algumas horas até ser levada a outro local.”
De acordo com Cristiane, o parecer também será incluído no inquérito policial do DHPP que investiga as causas e circunstâncias da morte de Victoria.
Policiais do Departamento de Homicídios informaram que já ouviram os depoimentos de pais, alunos e testemunhas que contaram o que viram entre os dias 16 e 17 de setembro de 2015, quando Victoria desapareceu e foi encontrada morta.
Desaparecimento em excursão
Victoria desapareceu no quarto dia da excursão à Fazenda Pereiras. No quinto, seu corpo foi encontrado. Ela fazia trabalho de campo com colegas da escola. Por volta das 14h, disse que precisaria ir ao banheiro e saiu caminhando sozinha por uma estrada até a sede da fazenda e desapareceu. A distância entre os dois locais era de 500 metros.
Só no dia seguinte ela foi encontrada por um helicóptero da Polícia Militar (PM) no sentido contrário à sede. Estava a 1,2 km de distância do local em que pretendia ir, vestida e de bruços. “Tinha escoriações no corpo, no braço”, contou Cristiane.
Ao todo, 34 alunos iriam fazer mapeamento detalhado da região. Foi proibido levar celular. Três técnicos de topografia e dois professores foram juntos com os estudantes.
Fonte: G1