MENU

JORNAL O+POSITIVO - FUNDADO EM 2004

sexta, 10 de Janeiro de 2025

É FÁCIL VER A DIFERENÇA, COMPARE!

PUBLICIDADE

Cidades

Caiapônia, a terra dos coronéis

Equipe de entrevistadores do Jornal O+Positivo sofreu ameaças durante período que esteve no município para realizar pesquisa. Foi preciso que a polícia interferisse para que conseguíssemos finalizar a coleta de dados para trazer o resultado para você, leitor

30/09/2016, às 14h09

Equipe de entrevistadores do Jornal O+Positivo sofreu ameaças durante período que esteve no município para realizar pesquisa. Foi preciso que a polícia interferisse para que conseguíssemos finalizar a coleta de dados para trazer o resultado para você, leitor 

voto-de-cabresto

É vergonhoso ver as ações dos “coronéis” que tentam manter-se a qualquer custo no poder em Caia­pônia. É déspota todo go­verno que tenta impedir o acesso a informação, a liberdade de impressa e a livre manifestação. Não há democracia onde os di­rigentes políticos tentam perpetuar no poder, pois o caráter popular de um governo está diretamente relacionado a alternância.

O grupo político que governa a centená­ria Torres do Rio Bonito há 20 anos está se sentin­do dono da cidade. Para manter o “curral eleitoral” contam com apoio dos “capangas”, que são en­carregados de intimidar a imprensa, os opositores políticos e os eleitores, a fim de garantir o “voto de cabresto”.

No último dia 27, uma equipe do institu­to de pesquisa do grupo O+Positivo foi vítima desses foras da lei. Nos­sos entrevistadores foram perseguidos, agredidos e levados a saída da cida­de com a ordem de não voltar. “Se eu ver vocês aqui de novo a coisa não vai ficar boa”, disse um dos meliantes. Isso após a perseguição velada, com filmagens, fotos e fecha­das ao veículo.

Eram vários car­ros e motos com adesivos do mesmo grupo, agindo em sincronismo, enquan­to falavam ao telefone, pelo visto recebendo or­dem para nos impedir de realizar o trabalho. Inicialmente acionamos a Polícia Militar (PM) que prontamente nos atendeu através do sargento Rone Miller e cabo Jay Eric que fizeram cessar as agres­sões momentâneas.

Em seguida procu­ramos a Delegacia de Po­lícia para registrar a ocor­rência e logo percebemos que não estávamos em Torres do Rio Bonito do século passado, quando as milícias trabalhavam sobre o comando dos co­ronéis, mas na Caiapônia do século XXI. Dr. Marlon Souza Luz, delegado titu­lar da Polícia Civil foi logo avisando. “Aqui não tole­ramos fora da lei. Se que­rem impedir que vocês realizem algum trabalho que faça por via legal”.

Foram menos de 20mim para que o primei­ro veículo e condutor fosse identificado e detido pelo Grupo de Patrulhamento Tático da Polícia Militar de Goiás (GPT), a pedido do delegado. “Nós garan­tiremos a segurança de vocês, podem trabalhar despreocupados”, disse o policial oferecendo o número de seu telefone particular, para possível chamado de emergência.

Doutor Marlon Luz é do tipo que fala pouco e não toma parti­do, mas passa a segurança necessária por suas ações. “Caiapônia não tem dono, nós trabalhamos para manter a ordem e a segu­rança de todos”.

Um fato inusitado chamou a nossa atenção nos poucos minutos que permanecemos na dele­gacia. Um “bate pau mor” chegou assustado, pro­curando por um de seus comparsas que havia sido detido, mas como esse ainda não havia chegado à delegacia, o homem da voz grave saiu batendo de porta em porta de cabeça baixa no corredor onde estávamos. O susto foi tão grande quando levantou os olhos e estava a menos de metro de nós que saiu desajeitado tentando falar ao telefone e por lá não voltou enquanto perma­necemos.

Outro ponto que merece ser destacado é o diálogo entre o detido e um terceiro. “Os que receberam para fazer o serviço sujo conseguiram escapar, sobrou para mim que só estava ajudando” confessou o meliante pró­ximo a um dos nossos en­trevistadores.

Em uma socieda­de democrática ninguém, nenhum grupo, é tão bom que não deva ser substi­tuído. Por mais que tenha contribuído em algum momento da história, re­novar é preciso. A per­seguição, os desmandos, a violência, a corrupção, a compra de votos são medidas usadas para ga­rantir a consolidação dos mesmos grupos políticos no poder. Acorda Caiapô­nia, diga não ao “voto de cabresto” e a perpetuação no poder!

– Voto de Ca­bresto: Os coronéis com­pravam votos para seus candidatos ou trocavam votos por bens matérias (pares de sapatos, óculos, alimentos, etc). Como o voto era aberto, os coro­néis mandavam capangas para os locais de votação, com objetivo de intimi­dar os eleitores e ganhar votos. As regiões contro­ladas politicamente pelos coronéis eram conhecidas como currais eleitorais.

– Fraude eleitoral: os coronéis costumam alterar votos, sumir com urnas e até mesmo patro­cinavam a prática do voto fantasma. Este último consistia na falsificação de documentos para que pessoas pudessem votar várias vezes ou até mes­mo utilizar o nome de fa­lecidos nas votações.

 

João Santana é natural de Caiapônia, historia­dor, bacharel em direito, marketólogo e editor do Jornal O+Positivo

Veja também

PUBLICIDADE