Policiais raspam os cabelos em homenagem às crianças com câncer

21/11/2015, às 07h11

Durante evento, pacientes receberam doações de remédios e brinquedos. Ação promoveu oficinas, apresentações de teatro e passeio com escolta

Um grupo de cerca de 100 membros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Goiás e da Guarda Civil Metropolitana (GCM) de Goiânia foram ao Hospital Araujo Jorge na tarde desta sexta-feira (20) e realizaram um evento em homenagem aos pacientes com câncer da ala pediátrica. Durante a tarde as crianças participaram de oficinas de origami, receberam pinturas e acompanharam alguns policiais que rasparam os cabelos em homenagem a elas.

Segundo o inspetor da PRF Fabrício Rosa, o objetivo é dar apoio às crianças. “A principal ação é fazer com que elas se sintam importantes, se sintam incluídas. Raspamos a cabeça para que elas se sintam parecidas com os policiais e ajudando a autoestima delas para que elas tenham mais força para enfrentar a doença”, disse.

Uma barbearia da capital montou uma estrutura móvel e trouxe barbeiros voluntários para raspar as cabeças dos policiais. Entre os oficiais que fizeram parte da iniciativa estava Elder Ribeiro Camargo, da PRF. Ele contou que participou da primeira edição do evento, em 2014, e acredita que é importante fazer a sua parte para que eles se sintam mais fortes.

“Acho que é o mínimo que podemos fazer. A ideia é a gente se despir da nossa vaidade para que eles se sintam mais parecidos conosco, para que a gente fique mais próximo deles”, comentou.

A chefe do setor de oncologia pediátrica do hospital, Rosimeire Crocetti, afirmou que a doação afetiva faz grande diferença no dia a dia das crianças. “Eles lembram desse evento o ano inteiro, como foi no ano passado. Toda essa atenção mexe com a autoestima delas. Se você se sente igual  é mais fácil buscar forças para enfrentar o câncer. A gente não cura essa doença sozinho, a gente cura fazendo parcerias”, afirmou.

Cerca de 30 crianças participaram do evento. Destas, 19 estão internas e as demais vão ao hospital para o tratamento, mas podem voltar para casa depois da sessão. Segundo o hospital, cerca de 600 pacientes de até 17 anos passam por lá por mês para os tratamentos.

Entre os pacientes está Breno Ferreira, de 7 anos, que sofre de leucemia. A mãe dele, a técnica em enfermagem Luana Luíza Ferreira, de 27 anos, contou que a família se mudou de Rio Verde, no sudoeste de Goiás, para Goiânia há cerca de um ano para realizar o tratamento. Com a notícia da doença ela também parou de trabalhar para cuidar do filho.

“Ele foi diagnosticado em janeiro com linfoma e passou pela quimioterapia durante seis meses. Um mês depois que tinha encerrado o tratamento, ele foi diagnosticado com leucemia e estamos começando o tratamento de novo”, contou.

Apesar de estar passando pelo tratamento pela segunda vez, a mãe conta que Breno tem muita força. “Ele é mais forte que eu. Ele passa pelo tratamento, mas está sempre sorrindo, brincando, nada abala ele. Ele tem muita fé de que ele vai ser curado. Dias como esse ajudam porque o dia a dia deles já é bem difícil, com quimioterapia, internação, consulta. Dias assim distraem eles”, afirmou.

No evento, a PRF levou remédios arrecadados que são usados para amenizar os efeitos colaterais da quimioterapia. Segundo a assessoria do hospital, esses medicamentos não são bancados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e deveriam ser comprados pelos pacientes.

Iniciativa

A primeira edição do evento, realizado em 2014, conseguiu arrecadar remédios suficientes para atender os pacientes durante um ano. Já nesta edição a organização também conseguiu arrecadar cerca de R$ 10 mil que serão usados na compra de mais medicamentos.

Conforme a PRF, as arrecadações foram feitas em todos os postos da polícia no estado e continuam até o final do mês. No evento também foram entregues cerca de 300 livros, outras centenas de brinquedos e kits de higiene para as crianças.

Ao final da tarde, as crianças deram uma volta na cidade acompanhadas de enfermeiras e pais, escoltadas por carros e motos da PRF. “Essa ação é outra forma de fazerem eles se sentirem importantes, como autoridades, sendo escoltadas pela polícia”, esclareceu o inspetor da PRF Fabrício Rosa.